Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, janeiro 09, 2008

IGOR GIELOW Obama e o Brasil





9/1/2008

Ainda é cedo para fazer vaticínios sobre quem irá ocupar a Casa Branca quando Bush júnior tomar o caminho do rancho. Mas, vitorioso ou não, Barack Hussein Obama é "o" personagem desta etapa da campanha americana.
Há as características conhecidas: cristão negro, nome de muçulmano, filho de africano, colegial em país islâmico, jovem e aparentemente capaz de afundar o destróier Hillary Clinton na batalha naval das primárias democratas e, se for ungido candidato, o oponente republicano. O que não se sabe: muita coisa sobre o que pretende fazer.
Até aqui, Obama repete uma balela de unificação política dos EUA. Como está em evidência, talvez agora seja possível saber o que ele realmente pensa sobre os problemas globais -embora exista uma tendência clara de interiorização do debate, absolutamente natural.
Para nós, a dúvida é temperada com algum temor. Com sorte, a maioria dos políticos americanos acha que "Brazil" não passa de uma cidadezinha perdida em Indiana.
Mas a palavra etanol, movida pelo poderoso lobby dos produtores de álcool de milho americanos, traz associações menos ligeiras.
Democratas são mais protecionistas do que republicanos, diz o ditado. Meia verdade, já que na hora do "vamos ver" ambos os lados defendem os seus de forma feroz. Nas únicas vezes em que falou objetivamente sobre Brasil, Obama apoiou os plantadores de milho do seu Illinois no contexto da competição com a nossa cana e criticou o acordo no setor entre Bush e Lula.
Isso o torna um adversário? Desde a Doutrina Monroe, e lá se vão quase 200 anos, qualquer presidente americano pode ser rotulado como inimigo potencial da bugrada. O antiamericanismo não campeia com tanta desenvoltura aqui por obra do acaso, embora geralmente seja apenas estúpido. Mas a verdade é que Obama é uma incógnita, e não só para seus eleitores.

igielow@folhasp.com.br

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